Contextualização Histórica e Política

O livro Admirável Mundo Novo foi escrito em 1931 e publicado no ano seguinte.
Este romance caracteriza-se pela sua distopia onde o autor questiona a cidade de Londres do ano 1931, através da sátira e da ironia, criando um mundo futurista onde características britânicas e americanas são levadas ao extremo.

A história passa-se no ano de 2495, em Londres. Segundo o calendário da narrativa no ano 632 a. F. (After Ford), como forma de celebração do ano de aniversário de Henry Ford (1863), o criador do modelo T, da manufacção e da linha de montagem em série.

Quando Aldous Huxley escreveu o este romance estávamos no início de uma depressão global. Com a crise da Bolsa americana, em 1929, muitos bancos encerraram, espalhando a pobreza e o desemprego. Nesse mesmo ano deu-se, ainda, uma das maiores secas, o que levou à migração de muitos agricultores americanos, enquanto outros ficaram a viver na pobreza. As populações ansiavam pela segurança económica que Aldous Huxley oferece aos cidadãos no seu romance.

Os efeitos da quebra da Bolsa de Nova Iorque começaram a fazer-se sentir por todo o mundo, inclusivé em Inglaterra, onde Aldous Huxley vivia. Contudo, Huxley estava também atento às mudanças sociais e científicas que começaram a emergir no início do século, particularmente nos anos 20.
Rapidamente a tecnologia começou a substituir os trabalhadores, mas os políticos garantiam que o progresso resolveria os problemas económicos relacionados com o desemprego. Desta forma, os trabalhadores eram obrigados a aceitar qualquer emprego disponível. Geralmente, empregados sem qualificações trabalhavam longas horas sem aumentos no ordenado, sob más condições de segurança e sem benefícios de saúde, seguro ou pensões.
Contrariamente aos habitantes do Admirável Mundo Novo, estes não tinham garantias de emprego bem como segurança no trabalho, além de não terem tempo para o laser nem dinheiro para gastar em entretenimento ou outro tipo de luxúrias. Para aumentar a procura dos produtos que estavam a ser realizados, os produtores começaram a publicitá-los, tentando convencer as pessoas de que deveriam gastar o seu dinheiro comprando novos produtos e serviços.

Henry Ford, inventor da linha de montagem em série, tornou-se, nesta altura, capaz de produzir automóveis massivamente. Pela primeira vez, as peças dos automóveis eram passíveis de serem torcdas e eram fáceis de obter. Ford conseguiu manter o preço do Modelo T acessível para que os seus empregados o pudessem adquirir. Assim, para pagarem os seus automóveis, as pessoas necessitavam de alargar os pagamentos, o que levou à aceitação dos pagamentos a crédito. Pouco depois, toda a gente começou a adquirir bens a crédito, o que fez fluir a economia e levou a gastos exagerados e aos débitos.

Todos estes impulsos económicos afectaram a visão de Huxley do futuro. Este viu a produção e a gestão de Ford como revolucionárias e fez dele não só um herói do seu romance, mas um deus. Huxley também percebeu que a tecnologia poderia proporcionar aos trabalhadores um enorme tempo de laser.
O resultado desta visão poderia ser gastar tempo livre na criação de arte ou na resolução de problemas sociais, mas os controladores de Huxley, achando estas actividades ameaçadoras da ordem que pretendiam estabelecer, decidiram proporcionar outro tipo de distracções aos seus trabalhadores. Estes eram incentivados a cumprir o seu dever, trabalhando e ganhando dinheiro, para depois o gastarem em bens materiais, com o fim de desenvolver a economia, chegando ao ponto de serem incentivados a comprar roupas novas e a deitar fora as velhas.

Na época de Huxley os valores e ideias estavam em constante mudança. Homens e mulheres desvalorizavam as ideias modernas, como o comunismo e questionavam as atitudes rígidas das classes sociais. Surgiu a ideia do amor livre, que aceitava o sexo fora do casamento e o uso de contraceptivos popularizou-se. As mullheres começaram a fumar em público, tinham o cabelo curto e usavam mini-saias. Estas atitudes sexuais foram levadas ao extremo no Admirável Mundo Novo.

Os cientistas começaram as explorar as possibilidades da engenharia humana. O cientista russo Ivan Pavlov porpôs o modelos de condicionamento do comportamento, o conhecimento respondente, tornando-se conceituado pelas suas experiências de condicionamento de cães. John B. Watson fundou a Behaviorist School of Psychology e acreditava que os seres humanos podiam ser reduzidos a uma rede de estímulos e respostas.

Nos anos 30, o vencedor do Prémio Nobel, o alemão Hans Spemann desenvolveu a ciência da embriologia experimental, manipulando um feto no útero materno, com o intuito de o influenciar.

Entretanto deu-se também, nos anos 20 e 30, a popularização da hipnopédia, a tentativa de transmissão de informação para um individuo no momento do sono, método geralmente utilizado através de sons gravados transmitidos a um indivíduo enquanto este dorme. Acreditava-se que era possível apreender informação passivamente durante o sono. Contudo, o eletroencefalograma, aparelho inventado em 1929, que mede as ondas cerebrais, veio provar que as pessoas têm uma capacidade limitada de apreensão durante o sono. Provou porém, que a hipnopédia pode influenciar as crenças e emoções.

Entretanto, as ideias de Sigmund Freud, o pai da psicanálise moderna, começava a tornar-se popular. Ele acreditava que a maior parte dos problemas psicológicos se deviam a más experiências durante a infância.

Huxley englobou todas estas descobertas tecnológicas e psicológicas no seu romance. Os controladores possuíam estas informações e utilizavam-nas para controlar o comportamento humano e para oprimir os cidadãos do Admirável Mundo Novo.

Este romance foi escrito pouco tempo antes ditadores como Adolf Hitler, na Alemanha, Benito Mussolini, em Itália, Joseph Stalin, na Rússia e Mao Tse-Tung, na China criarem estados totalitários em países que estavam fragilizados devido a problemas económicos e políticos. Estes líderes usavam tácticas extremas de controlo sobre os seus cidadãos, que íam desde a propaganda à censura ou mesmo ao homicídio em massa.


Dados e relações importantes:

-anos 20:
-Ivan Pavlov conduz experiências comportamentais.
-John B. Watson funda a Behaviorist School of Psychology.
-Stalin e Mussolini sobem ao poder.

-anos 30:
-Hans Spemann desenvolveu a embriologia experiemntal.

-1931:
-Francisco Franco e Hitler estão a poucos anos de subir ao poder.
-Mao Tse-Tung luta pela dominação, mas só nos anos 40 sobre ao poder.

-1978:
-Nascimento do primeiro bebé fruto de uma fecundação in vitro.

-1997:
-Clonagem de uma ovelha, a ovelha Dolly, fazendo crescer a possibilidade de clonagem de humanos.

-731 A. D., Londres:
-Todos os seres humanos são clonados a partir de um pequeno número de ovos fertilizados, incubados em úteros artificiais e condicionados para o paple que vão desenvolver no futuro, ainda enquanto embriões.
-O mundo é um estado totalitério regido pelos controladores, que usam a tecnologia, a lavagem cerebral e o condicionamento pré-nascimento, ao invés da violência e intimidação como forma de controlar os cidadãos.

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