SINOPSE

Partindo da narrativa do Admirável Mundo Novo, de Aldus Huxley, e das suas relações com o mundo e a sociedade real e actual, pretendemos estabelecer algumas comparações com o que se passa hoje em dia com alguns órgãos que acabam por nos gerir.
São exemplos a publicidade, e a sociedade de trabalho em que vivemos quase todos hoje em dia. Num circuito que nos educa desde crianças para estudar, ter um trabalho, fazer dinheiro para nos sustentarmos a nós e a uma família, se assim se proporcionar.
Sem fazer de todas estas questões uma regra, uma vez que existem modos de vida que fogem a estas questões, pretendemos abordar a impossibilidade de nos livrarmos do excesso de informação a que somos expostos diariamente, no decurso de uma vida.
Sem que consigamos fugir do invólucro da publicidade, dos circuitos sociais, culturais laborais, dos media, da comunicação social, da publicidade e das mensagens orais e escritas que ouvimos sem ler já quase inconscientemente.
A nossa reflexão parte ao encontro das transformação de todas estas questões em objectos comuns, de que somos apesar de tudo dependentes, e dos quais acabamos por fazer parte.

Através de abordagens bem-humoradas, satíricas e irónicas, o processo de trabalho tem-se centrado na construção de um ambiente fechado, em que o visitante se sente incapacitado de reagir/interagir com toda a informação que lhe é dada a ouvir, ver, ler e assimilar, ao fim de alguns minutos de permanência.
Não existe forma de escapar ao excesso de informação, vazia ou não, de conteúdo, e a única interacção pretendida baseia-se no assimilar de tudo o que é transmitido, no mastigar de informação e na exaustão visual e sonora, através de imagens e objectos sonoros baseados em mensagens publicitárias, e ideais de uma vida de trabalho e de cadeia social, cultural e laboral forçada, ou apenas aceite, de forma conformada.

Partindo dos princípios acima descritos, e tendo em conta todas as condições espaciais, materiais e soluções adaptadas, a solução apresentada resume-se a uma instalação espacial. O observador, que entra individualmente no espaço, é submetido a um condicionamento numa cadeira, no centro da sala.
Atado por cintos nas mãos e nos pés, não permitindo que se mexa, é submetido a uma sessão de cinco minutos de audição de uma banda sonora repleta de pequenas mensagens semelhantes às que visualmente se vê obrigado a observar, em forma de cartazes de rua e cartazes foram desenhados por nós, a partir de frases construídas no decorrer do projecto.
O esforço pela leitura de cada uma das mensagens em todas as paredes, é ainda dividido pelo vídeo projectado na parede em frente ao observador.
O vídeo, que apresenta paisagens mais ou menos quietas, pretende simbolizar o único ponto de sossego do olhar e dos ouvidos do observador, mas ao mudar de instante para instante de paisagem, acaba por ser apenas mais uma fonte de informação, para ser digerida com o som e a imagem estática apresentados ao mesmo tempo.
Deste modo, numa sessão de cinco minutos, e sem poder escapar, o observador tenta entender e observar tudo o que se passa à sua volta, possivelmente sem conseguir,
no intervalo de tempo.

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